Ter dois filhos é maravilhoso. É lindo vê-los crescer, é musica para os meus ouvidos ouvi-los perguntar um pelo outro. É fantástico ver o mais velho ensinar a mais nova, a fazer coisas como encaixar peças, calçar luvas. Quando ele a ajuda a descalçar os sapatos, ou lhe dá a mão para sair do elevador, com medo que ela lá fique o meu coração enche-se de (mais) amor, e não consigo não sorrir.
Mas... Mas depois, eles brigam porque querem o mesmo brinquedo, aquele mesmo que esteve ali parado horas, sem ninguém lhe tocar, mas que, e só porque um lhe pegou, passou a ser objecto de desejo dos dois, e depois ela senta-se em cima dos puzzles dele, ou meso no meio dos carris das linhas do comboio que ele está a montar, ou rouba-lhe os carros da pista com que ele está a brincar, e sucedem-se gritos, choro, lágrimas e muitos "oh mãããeeeeeeeeee"... e eu oscilo entre gritar com os dois, mandá-los calar, pô-los de castigo ou ignorá-los.
E ele corre atrás dela, e ela morde-lhe, e ele empurra-a e choram os dois e eu grito. Sim, invariavelmente eu grito. E descontrolo-me e apetece-me desatar à chapada. Juro, um dia os vizinhos chamam a CPCJ...
Mas depois ela vem buscar uma bolacha e pede para o mano. E abraçam-se e eu volto a ficar de coração cheio. E com a certeza que é maravilhoso ser mãe de dois.
Mas só dois. Dois chega!