domingo, 5 de janeiro de 2014

Parto normal após cesariana

Tive o Rafael de cesariana, entrei em trabalho de parto e assim estive 4 horas, até se aperceberem que as minhas tensões altissimas e o sofrimento do bebé justificavam uma cesariana. Desta vez o médico disse que tentariamos um parto nornal... eu estava por tudo desde que a minha menina viesse bem.

Depois de uma véspera de Natal em que as dores ligeiras me acompanharam sempre, enquanto eu apenas pedia silenciosamente a Deus que me deixasse ver o meu filho abri as prendas, lá pela uma da manhã acabada de me deitar em casa da minha mãe onde o meu filho tinha adormecido, levantei-me para o espreitar e senti-me molhada, era sangue vivo. Assustei-me e liguei ao marido para que viesse e lá fomos para o hospital. Pequenas contracções já dolorosas foram-me acompanhando.
Fui atendida por uma enfermeira, que disse ser normal a perda de sangue e me fez um toque, verificou que eu não estava em trabalho de parto, ligou-me ao CTG e embora houvesse sinal de contracções, disse-me que deveria voltar para casa, pois não estava em trabalho de parto, e o serviço estava cheio... Mais tarde, fui vista pela médica, que confirmou um dedo de dilatação, mas bebé subida, por isso longe de entrar em trabalho, mas pelo risco de ruptura uterina, optou pelo internamento.
Fiquei na sala de dilatação, e mandaram embora o Nuno, com a promessa de lhe ligarem se algo acontecesse. Tinha muito sono, olhei para o relógio eram cerca de cinco da manhã... ainda fechei os olhos, mas pelas 6h30 começaram as dores a sério, regulares, fortes... a enfermeira confirma 3 dedos de dilatação, chama o médico que pede que me dêem epidural, pois com tensões tão altas não convém estar com dores tão fortes. Levo a 1ª dose às 7h15, as dores não desapareceram mas ficaram mais leves, e acho que voltei a dormir um pouco, às 8h40 trepava de dores, doia de tal forma que me apetecia gritar, de nada adiantava respirar, senti-me muito molhada, mas ainda não era liquido, mais uma grande perda de sangue... 9h15, segunda dose de epidural, com o mesmo resultado da primeira, novo toque, seis dedos de dilatação, levam-me para o bloco de partos, e dizem que váo telefonar ao Nuno, mais umas horas e novas dores, pelas 11h15 nova dose de epidural, e finalmente sem dores. Chega o Nuno, ao meio dia a vontade de fazer força, sem saber se posso ou não, nova verificação e dilatação completa, devo fazer força sim, pois a bebé está muito subida... a dor é suportável e faço força, como se não houvesse amanhã.
De repente lá pelas 13h00 a enfermeira chama toda à gente, médicos, enfermeiros anastesistas, as minhas tensões estão elevadissimas, e já se vê a cabeça. Continuo a fazer força, e sinto-me de repente exausta... toda a gente me incentiva a continuar, mandam sair o Nuno para usarem ventosas, o médico que está mesmo à minha frente, tem uns olhos lindos... nem sei porque me lembro disto. Sinto o corpo a abrir-se e dizem que são os ombros a passar, e às 13h43 de 25 de Dezembro de 2013, com 3.375Kgrs e 48 cm, nasceu a Sofia...
Meteram-na em cima de mim, mas ela não chorou e eu apenas vi uns pés muito amarelos e sujos.
 
Força mais uma vez, para a saída da placenta, e começam a cozer-me. Rasguei e levei imensos pontos. Sinto tudo, cada picada, cada passagem de agulha...
Depois trazem a Sofia, já vestida, muito bochechuda, linda de olhos muito abertos, fica no colo do pai e eu jamais esquecerei a expressão na cara dele a olhar para ela, um misto de "como é que isto aconteceu?" e "é nossa!" enquanto acabam de me cozer.
 
Depois de terminarem, o pai vai embora, e eu fico no recobro com ela, mama pela primeira vez, demora apenas alguns segundos a perceber como se faz. Fico a saber que não subo para o quarto, porque as minhas tensões estão altissimas, e fico no bloco de partos toda a tarde, sedada e a ser monotorizada, sem a minha bebé.... lá pelas 19h trazem-na para mamar de novo, e ela volta a sugar com força, isso é uma novidade para mim, o Rafael nunca mamou...
entretanto dizem-me que a bebé vai para cima, mas que eu terei de ficar, parece que passei mal durante a tarde, as tensões não normalizaram, e é sério... fico nos CI e ela vai. Apeteceu-me chorar.
Tive um parto normal, devia estar óptima, bem melhor do que da outra vez e afinal, passo a noite sem a bebé, valia mais que tivesse sido cesariana. As tensões não teriam subido tanto, eu estaria com a minha bebé.
 
Só volto a vê-la às 11h da manhã do dia seguinte, volta a mamar. Volto a surpreender-me por ela mamar, por ser tão perfeita... às 13h chega o pai e o mano, não sabiam que ainda estava nos CI, o meu pequenino está incomodado com o aparato dos fios, dos medicamentos, de ver a mãe toda ligada e pede para ir embora, nem quer ver a mana. Não se demoram, mas é suficiente para ele já querer ficar comigo, e sai a chorar, e eu fico a chorar e a minha tensão sobe de novo.
 
Ás 17h subo finalmente com a minha bebé, ganho nova esperança de que me vou embora em breve, as enfermeiras vão-me preparando, que estive mal, que não saio tão cedo... mais uma noite sedada e sem a minha bebé que só me trazem para mamar. No dia seguinte a visita dos médicos, e as más noticias, eu estou mal, parece que estive quase a "patinar" palavra da médica, e a Sofia tem um pequeno sopro no coração, terá de ser vista por um cardiologista... não saio antes de sábado, desespero e choro de novo, quero ir para o pé do meu filho. Custa mais aceitar porque tive um parto normal, devia estar a ter alta.
 
Visitas e mais visitas, estou cansada e não me apetece que se babem para cima da minha filha, fico mais serena na visita do pai que traz o meu bebé, repara que já não tenho fios, já quer ver a mana e dá beijinhos, e depois de se despedirem fico novamente a chorara... No sábado temos a visita do cardiologista, fazem exames e é para vigiar a partir dos 3 meses, a Sofia já tem alta, penso que vou ter alta na manhã seguinte e fico mais animada, mas as tensões não normalizaram e só me querem dar alta dia 3 de Janeiro. Recuso e no domingo assino uma alta à revelia, porque sei que longe do meu filho as minhas tensões vão continuar altas... e dia 29 finalmente voltamos para casa.
 
Se me dessem a escolher ia sempre preferir a cesariana, pela minha má experiência com o parto normal. Demorei a recuperar, e ainda tenho muitas dores, custa-me sentar, e sinto-me sempre à beira das lágrimas. Passei mais tempo longe da minha bebé do que se tivesse feito uma cesariana, e a recuperação está a ser igualmente lenta. A única coisa positva nisto tudo é que a Sofia, ao cotrário do Rafael mama. E eu tenho leite. Mas podendo escolher... cesariana sem dúvida, é mais humano, mais tranquilo, menos doloroso na minha opinião.

2 comentários:

Tanita disse...

Bolas que sufoco, mas em que hospital foi isso? Deixaram-te sozinha na sala de partos?
Pensa que já passou e que agora estás em casa com a tua filhota linda, tudo vai correr bem, acredita. Desejo tudo de bom para vocês e que 2014 vos sorria muito. Beijinhos

Tanita disse...

Bolas que sufoco, mas em que hospital foi isso? Deixaram-te sozinha na sala de partos?
Pensa que já passou e que agora estás em casa com a tua filhota linda, tudo vai correr bem, acredita. Desejo tudo de bom para vocês e que 2014 vos sorria muito. Beijinhos